Pular para o conteúdo principal

"SOPRA SAUDADE"



Ouço outra vez o uivo do vento,
bater na janela e soprar a cortina
querendo conversa.

Atravessa os caixilhos sem vidro,
chega atrevido e me pega
desprevenido.

Sopra segredos do tempo,
faz molhar os meus olhos,
soprando confidencias.

Deixa escapar indecências,
trazida de outras querencias,
de alguém que os olhos não vê.

Ela jogou palavras ao vento,
mensageiro insolente,
fez questão de entregar.

Agora estou despertando,
ainda com olhos de noite,
já sinto no peito o açoite.

O vento fofoqueiro,
diminuiu a distancia por um instante,
mas aumentou a saudade daquele amor de menino.

Puro,inocente,cristalino,
amor que jamais morreu,
por não ter reciproca...Adormeceu.

Agora esse uivo doido,
deste vento bandido,
me faz reviver.

Solto meu silencio pra ele,
com toda essência do meu sentir,
e peço pra levar essa saudade pra longe daqui.

Assim que ele partir,fecho a cortina e a janela,
conserto o vidro quebrado,
e me fecho dentro de mim.

Outra vez!

Reginaldo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

  A Fé é uma planta frágil Que se rega com gotículas De esperança. É acreditar no impossível, No imponderável, É andar na contramão da lógica, Da realidade É crer no invisível, na uniciência No divinal.   Ter fé é cultivar a ingenuidade De uma criança, A fragilidade de uma mariposa Entorno da luz. É entender possível Quando tudo Se mostra ao contrário.   Ter fé É pegar no rosário e pedir Como quem esfrega Uma lãmpada mágica. É não aceitar. É a negação de si Nas entrelinhas da sua Propria incapacidade.   É acreditar numa utopia Na poesia do inédito No remédio amargo No apelo ao vento Ter fé é orar em silêncio Durante um temporal...   Ansear desvios, Piquetes e atalhos Na estrada da vida. É a dureza do chão A excassez do pão É o calo das mãos   Ter fé é não ter explicação É se nortear pelo intímo Se entregar a uma filosofia É sacrifício de vida Alienação, Aliança E A...

Enfim...

      Dedico a vós o meu silêncio A inquietude abismada Dos meus versos Esses voos ora preteridos Deixo assim subentendido Em pousos dantes...Arremetidos.   Vasto é a amplidão Desse universo mudo Eximido de eco Ou retorno Onde o exilio É silente contuso.   Corto os punhos, Dramático, patético Suicídio poético Antes, porém, rascunho A sangue quente A dor corrente Na rubra tarde que cai Aos pés da noite eterna.   Não tenho asas, Nem pernas Nem plumas Ou penas Que sentenciam o fim No crepúsculo.   Há um último impulso Antes da queda Um último plano Ante o medo da escuridão. Respira afoito Um derradeiro pulso...   Não há mais nada Nunca houve,   Nunca esteve. Nunca foi... Não há mais tempo! Poema escrito Sobre areia fina, Só quem lê É o vento.   José Regi    

Viajante

  Um corpo dança ao som do relógio Fitando o sol que não tarda a nascer Presságio de luz no alto do pódio Gaiolas abertas ao amanhecer   Aqui no lado de dentro do silêncio Paredes brancas maculam-me a paz Equilibro-me no arame fardado pênsil No aguardo da brisa breve, mansa e fugaz   Um canto lírico ecoa no instante agora A vida bate asas pela janela dos olhos Pássaro de migragem se indo embora Entre flores noturnas de época e afolhos   Apenas o canto livre das asas se ouve No longe quase distante de tudo daqui Encarcerado atrás dos caixilhos, ouse Versar sobre avesso da fuga enfim...   Voos findos em oníricos oásis Vida e morte, uma quase miragem Entre o horizonte e a verticalidade É o sono eterno ou seguir a viagem.   José Regi