quinta-feira, 3 de setembro de 2020

 



 

Fruto Proibido

 

Ela veio toda ciosa

tendenciosa

maliciosa

e se abriu

em minha frente

mostrando

as tentações do paraíso

 

no altar do sacrifício

acendeu a tocha

deixou-me louco de desejo

e não quis apagar o fogo...

 

no máximo deixou

sua seiva escorrer

por entra as mãos

enquanto eu

chupava os dedos.

 

José Regi

terça-feira, 7 de julho de 2020

Delírios noturnos




Arguta, ela dissimula
Sabe o meu melhor ângulo
Conhece meus abismos
E as minhas angústias

Finge de morta
Sabe a rota
Das minhas fraquezas
E sabe jogar o jogo
Sabe incendiar
Botar fogo
Quando o frio cala
E o silêncio domina

Olhar de menina
A recolher-me.
Meu desvio
Minha curva
Lágrimas turvas
No amanhecer

Foi sonho aquele olhar
A me desnudar
Na madrugada
Provocante
Insinuante
Faz de mim
O que quer
Essa menina
Sabe ser mulher.


José Regi


sexta-feira, 5 de junho de 2020

Volúpia



Vou despi-la com os dentes
Lamber cada curva
Como um predador a caça
E aos poucos devora-la
Com a fome de um leão

Vou correr minhas mãos
Entre suas pernas
Tatear às cegas
Uma fenda aquecida
Para um mergulho

E ali estando
Gozar do oásis
E do aconchego
Que seu corpo
Me traz

Depois,
Quando o dia amanhecer
Ainda tonto de prazer
Jogar nas costas
A mochila
E sair...

Com seu gosto
Na boca e seu
Cheiro de cio
Impregnado
Em mim.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Entre muros





 

 

Uma noviça

Com crises existenciais

Grita contidas inquietações

Repleta de desejos e vícios carnais

Não nega

Tampouco oculta às sensações

 

Anda aturdida

Pelos corredores do mosteiro

Esfregando em todas as pontas que encontra

Tem calafrios e cio

Igual a um cavalo inteiro

Não respeita os limites da cerca,

Por uma monta

 

Sua boca

Suculenta e carnuda é um delírio

Quando sussurra absurdos não catalogados

Ela geme sentada no braço da poltrona,

De arrepio

Tem espasmos curtos

E gozos prolongados

 

Ela não sabe ao certo

A direção do poente

Às vezes chora arrependida,

Noutras é sarcástica,

Traz entre as pernas um vulcão ardente

Às vezes meiga, noutras dramática

 

Não sabe nada de fé ou religiosidade

O mosteiro

É vontade de seus pais,

Fé perdeu inda criança

Junto com a virgindade

Molestada que foi por entes bestiais

 

Viveu o inferno,

Nunca quis saber de santidade

Aprendeu cedo à normalidade da hipocrisia

Fez da sexualidade

Sua vil defesa sem castidade

Maturou no cerne da carne

Toda forma de rebeldia

 

A noviça

No auge da crise existencial

Rasga as vestes e desnuda-se ardilosa

Insinua e sensualiza

Brincando com castiçal

Num transe abissal...

Enquanto goza.

 

José Regi


MEDOS E ENCANTOS

    Tenho medo daquilo que conheço, dos buracos por onde andei, dos passos e rastros deixados nos medos que descartei. Que o mundo me ...