sexta-feira, 28 de março de 2014

"SUB-MISSÃO"

As mulheres,
belas,
feras,
uma oração sagrada,
uma profana prece.

O Coração apetece,
desobedece e teimoso,
ama e padece,
quem não merece,
depois enlouquece
e se esquece,
ao primeiro olhar dela,
de novo se aquece.

Enternecido desejo,
ao toque de um beijo
acende o lume.

Inquieto se apequena,
se espreme e comprime
no peito,ai não tem jeito...
Se condena!

Sua sentença,
é quase pena de morte,
consequência por amar sem medida,
sob os caprichos da sorte.

Mas segue ao cadafalso,
desnudo,descalço,
resignado e mudo.

Não vai fugir,nem correr do destino,
desatino feminino é o teu sofrer,
mas se for pelo amor dela,
aceita até morrer.



Reginaldo

"DECIFRANDO"



Bruxo,
Esdruxulo,
chulo.
Quebranto,
feitiço,
encanto.
Mau olhado,
mau visto,
mau quisto.
Taxado,
estigmatizado,
fadado.

Um Poeta,
louco,
insano.
Avoado,
aluado,
mau falado.
Escrevendo,
vivendo,
amando.

Provocando,
evocando,
invocando,
tentando,
Riscando...
Lutando,
andando,
voando.

Sereno,
querendo,
pouco a pouco,
entender,
viver é um 
constante renascer...
Pra morrer!


Reginaldo

"OBSERVÂNCIA"


Uma canção,uma balada,
assim no canto,
dar voltas e girar
no compasso das batidas,
no salão da vida...Dançar!

Cadenciando o ritmo,
salsa,mambo,
mas sempre no comando.
Vez e outra valsa lenta,
pra voltar ao centro,
a vida é eclética,
se deixar levar,
acaba em samba.

Esta miscelânea involuntária 
está no dom de abrir os olhos,
no pulmão cheio de ar,
na boca que beija o dia,
nas mãos do poeta ,
decifrando as utopias.

Assim segue a canção destino,
viver é uma arte,
nem sempre divertida,
passa da comédia ao drama,
num baixar de cortina.

Outra peça,
outra cena
outra trama,
mesmo ator.

"Ópera do Malandro".

Agora é dor,
é choro,
é tensão,
é batida forte...É Tango.

Ha momentos de silencio,
de surdez absoluta,
com todo alarido do mundo,
cessa musica,
empaca a dança,
descompassa,
descompensa,
fica tensa.

De repente pensa,
solta um grito,
arisca outro passo,
pra que nada cale a vida,
pra que a morte não te vença! 


Reginaldo

quinta-feira, 27 de março de 2014

"A JANELA ,O PÁSSARO E O FIM."

Uma janela,
uma pena,
um pássaro

Um susto,
um espanto,
um voar,
um encanto.

Um céu,
um espaço,
uma gaiola,
um quarto,
um carcere,
uma prisão.

Uma solidão,
um pensamento,
um pedido,
um lamento.

Uma inveja,
uma cobiça,
uma vingança,
uma armadilha.

Um alçapão
um pouso fatídico,
um canto triste,
uma condenação.

Uma sentença imposta,
um voar interrompido,
uma dilaceração.

Um cortar de asas,
um silencio profundo,
um desabar o mundo.

Uma liberdade tolida,
uma vida esquecida,
uma desolação.

Um canto mudo,
um grito gemido forte,
uma luz enfim...A Morte!



Reginaldo

Adélia Flor dos Prados de Minas





Adélia Prado por si só já é poesia 
Quando a ouço falar
tenho certeza que nada sei
e do que quero pra mim

Tua simplicidade comove
tua clareza obscurece
Qualquer vaidade vã
Teu carisma é um talismã

Ante a precariedade que somos,
Imperfeitos
Ela nos dá sentido com poesias belas
mesmo vendo pedra em pedras
mesmo deserto ela aflora

Sempre com sua aura divina
mesmo no inverno brota teimosa
Adélia é uma dália exuberante
que adorna os Prados da rotina. 

José Regi

quarta-feira, 26 de março de 2014

"FALTA DE AR"




Esta rotina que te engole a seco,
cortina de fumaça,
que as vezes embaça 
e lacrimejam os olhos.

Esta que traz frequentes pesadelos,
que te toma os dias,
que te roubam a calma,
que repele tudo,
que gira teu mundo entorno da mesmice. 

Imutável cotidiano,
inferno que você disfarça,
adorna com sorriso no rosto,
ora amando,noutrora odiando.

Este caos do faz de conta,
onde a felicidade apronta,
e te puxa o tapete,
desaparece no instante,
que você desejaria eternidade.

Fica a lembrança,
perseverar na desesperança,
idos doidos e vividos,
no labirinto recolhido da recordação.

Vão seus dias,no vão dos dias,
dos dedos das mãos,
fazendo do agora saudade,
pousado na areia desértica desejando o oásis.

Agonia que alforria,
tempestade passageira,
sofrer e decantação,
buscar na ventania arredia,
saída,fuga,poesia...Libertação!


Reginaldo

segunda-feira, 24 de março de 2014

"DANÇA FLORAL"


Um copo de leite,
uma flor,
um adorno,
um enfeite.

Um corpo deleite,
formas,
curvas sinuosas,
corro riscos,
deslizes,
escorrego os olhos,
sou teu jardim,
se achegue,
acalente.

Embale meu desejo,
na sensualidade do beijo,
na camuflagem perfeita,
entre as flores do canteiro.

Sou teu jardineiro!


Reginaldo

"OBSERVAÇÕES PROFUNDAS DE UMA SUPERFICIALIDADE"




Desfaço dos meus apegos,
uma caneca de café,
uma taia do bolão de fubá,
um banco vazio
e o convite do sol.

Venho pro tempo,
abraço o sossego,
recebo o amanhecer,
do dia que vai acontecer,
ali na calçada.

Bom dia pra todo mundo,
sorriso de graça,
em frente a velha praça,
a cerejeira adorna com graça,
e não disfarça  beleza,
se mostra por inteira.

Desperta a vida,
os pássaros cantam
depois do galo,
o viço do verde
em volta da casa
ainda orvalhado
pelo choro da madrugada
que não queria ir embora,
recebe os primeiros raios de sol.

Passa apressado pessoas
em frente aos olhos,
não percebem as minucias
na busca inevitável pelo ter,
pelo de comer,
não percebem a fome de ser.

Feliz no banco vazio,
espio,olho e vejo,
coço o queixo,
penso...Cadê o calor,
do papo,da conversa
e da prosa dos anciões ?

A calma aqui do interior,
está agitada,
talvez contaminada pelo vírus
da selva de pedra,
que apressa e cega,
embrutece e entorpece a alma.

Que droga!!!

Não se olha no olho,
estão todos imersos neste molho,
por isso me recolho,
colho da sensibilidade
e tranquilidade retórica imutável,
do dia que passa lento,
do amanhecer e anoitecer,
sem pressa.

De novo deixo o banco vazio,
sigo pro meu recanto,
ainda cheio de encanto
com o cantar da vida.

Até a despedida minha,
serei como a andorinha,
que voa por estreitos espaços,
mas volta pro ninho,
saudosa e grata,
pelo pousar suave e restaurador!

Sem perder a essência,
o colorismo,
o prazer de voar,
imune sem se contaminar,
abraçando a vida a cada despertar,
sem receio de viver...

Nem de amar!




Reginaldo.

 


domingo, 23 de março de 2014

"FEITIÇO DA SAUDADE"




Vento forasteiro,
amigo do tempo destino,
enfeitiçou seu amor,
fez do sonho desatino.

Hoje vê com encanto 
o pousar da mariposa,
na fragilidade da asas
seu amor ali repousa.

A beleza,o toque e a sutileza,
um jardim sobre a cabeça,
lembra do amor passado 
nas veredas das tardes violetas.

Pressente o tacar da saudade,
no suave voo da borboleta,
na imagem que dissipam dos olhos,
que eternizam facetas.

Despertam a cada voo,
a cada bater de asas,
surra mais um coração e
alimenta uma esperança.

Voltar ser ninfa num casulo de seda,
entre o jardim e a sarjeta,
retroceder o processo,
só pra ser sua borboleta.



Reginaldo

"PERTURBAÇÕES DE UM SER IMÓVEL"




O que me prende?
o que me faz sentir
esta enraizada arvore?
Onde está alforria,
a euforia dos ventos
saliente a soprar?

Quando estas raízes
ganharam o céu,
transmutadas em asas,
para voos sublimes?
Quando serei vento,
incomodo cisco nos olhos dela?

Porque não dou o segundo passo?
Perdido no espaço deste campo estio?
Porque não tenho respostas,
pras minhas inquietações?
Porque o conflito evidente,
não salta as ramas e fogem pelos
cipós das parasitas?

Sei que sou porto seguro,
tenho ninhos em meus galhos,
tenho o canto dos passarinhos,
forte os troncos que me sustentam,
tenho o céu sobre mim,
as caricias do vento...
O agir do tempo!

Mas... quero ser mais,
quero andar pelos dias,
quero asas,
ver outros campos,
outras arvores,
outros mantos,
cantos e encantos.

quero a razão deste sentir só,
frear as atribulações,
aflições os desvios,
esconder dos vendavais,
disfarçar as emoções,
a liberdade de livrar-me...

Destas minhas perturbações!


Reginaldo

sábado, 22 de março de 2014

"CONFISSÕES CHEIAS DE VAZIOS"



HA UM SILENCIO EM MIM ,
TÃO GRITANTE,
QUE CHEGO NAMORAR A SOLIDÃO.


NO MEU VERÃO É SEMPRE OUTONO,
ONDE AS FLORES ESTÃO SECAS
E O VENTO ROUBA TEU PERFUME.

DESCANSA NA PRAÇA O BANCO
ONDE CONFESSO MEUS VAZIOS,
SOB A LUZ DO ENTARDECER. 



Reginaldo

"CORAÇÃO ERRANTE"

Coração errante.

Idiota!

deveria odiar...

Mas o filho da mãe

não faz outra coisa

senão amar.


Reginaldo

"FRAGMENTO DE PASSAGEM"



Sou água morta,
sou abismo,
sou fundo do poço,
sou tudo,
sou nada,
sou velho,
sou moço.

Tenho sede,
tenho fome,
tenho tudo,
tenho nada,
tenho tempo,
tenho nome
tenho o mundo que me consome.

Sou grafia
sou "Geo",
sou o céu,
sou o mar,
sou fogo,
sou elementar.

Tenho pressa,
tenho fases,
tenho ânsia,
tenho idade ,
tenho ainda forças,
tenho efemeridades.

Passo firme titubeante,
passo dúbio,errante,
passa ontem,  
passa hoje,
passa horas,minutos instantes,
passa ser,
passa ter,
passa azar e passa sorte,
passa tudo...Passa vida
passa morte.

Passa as Águas Mortas,
onde repousa o fim.

Passa!



Reginaldo

sexta-feira, 21 de março de 2014

"DESCOLORIDO"


Uma foto três por quatro,
preto e branco,
um olhar distante,
como a luz na noite...Triste.

Fundo branco,
cor ausente,
sente partir,
semente.

Plantado,
estático
uma inercia perene,
um flash e foi.

Lembrança apagada,
opaca,sem brilho,
história sem fim,
sem ponto final,
inacabada.

Madrugada,
uma visita indesejada,
escolha aleatória,pinçada,
fotografada.

Memória, 
num porta retrato,
ali na estante da sala,
uma foto sem vida.

Partida,
despedida da vida,
sem pressa...

Agora saudade,
sem as cores da dor,
em preto e branco impressa!
 

"DESCARTÁVEL"




Somos de fato breves e passando,
e quando houver a segregação do corpo físico,
que virá ser chão,solo ,
um composto puro e simplesmente...

A alma, esta, 
livre das dores deste mundo,
com certeza voará,
ganhará o céu,
olhos além.

Sua salvação se dará
por saber que contribuiu em nada,
no ciclo vigente.

Não alterou nem sequer 
o despertar da primavera,
que a realidade
não precisa de você pra acontecer!

Que a terra sobre encerra,
enterra toda prepotência,
petulância,superioridade e arrogância.

Que morto sois útil,menos fútil,
que voltando ao pó,
pode voar no vento.

Pode estar presente no presente,
no jardim adjacente,na água corrente,
na flor nascente.

Pode estar aqui sem ser,
inserido num contesto onipresente,
reciclado... 

Pois o corpo não é teu,
só a ilusão de telo lhe pertence,
por isso se conduz,involuntariamente.

Matéria e luz.



Reginaldo

(Baseado em uma reflexão de Silvana Mendes)
Imagem coletada da internet.


quarta-feira, 19 de março de 2014

"REFLEXÃO TORTA DE UM CAMINHAR RETILÍNEO"


Tenho trilhado por onde nunca antes,
não sei onde isso vai me levar,
nem se quero ir,
levado sou ,levado vou!


Ando rouco de falar sozinho,
os pés feridos de espinho,
tem roseira sem cheiro,
sem cor o caminho.

Busco no ofuscado interior,
alguma razão pra isso tudo,
alguma clareza.

Uma verdade enganadora,
ou uma mentira absoluta,
alguma sombra onde eu possa relaxar.

Amores vem e vão,
vão ,
lacunas na alma,
buracos em branco na história.

Não escrevi esta comedia,
este andar sozinho não tem graça,
este drama não termina.

Esta vida fútil,igual todo dia,
repetição do ontem amanha,
onde todos vê rotina,
esconde escancarada covardia.

Mudar o imutável,
romper as conjecturas,
fragmentar o código
e decifrar este vazio.

Este é meu paradigma,
amar com toda minha forma,
e seguir andando,ou amargar
minha fraqueza.

Tenho razões pra crer,
que não tenho razão alguma,
as vezes louco,insano tanto,
que beira normal.

A vida que me empurra pra frente,
não me encara nos olhos,
tem medo do que vai ouvir.

Presumo que o silencio é doce,
inebria e entorpece,calei-me,
ando rouco de falar sozinho.

Vou gozar os passos que ainda me restam,
tentar colher as rosas sem cheiro,
se não der pra andar com espinhos nos pés...

Entorpecido de silencio voarei,
até meu destino ! 


Reginaldo

"CASULO DA BORBOLETA"





Um dia,acordei,
abri os olhos,
percebi a vida ao entorno,
tudo ganhou outra conotação,
neste dia havia nascido...

Depois de um longo período de dormência,
onde ser era desprezível
e o acumular e ter futilidades era o principal,
estava morto.

Veio a luz no olhar,
a doçura 
e a capacidade de ver além da visão,
por trás das entrelinhas,
dos percalços da vida.

A dor me chamou,
sacudiu e mostrou-me as opções:

"Ou é pelo amor ou pela dor"!

Pela dor me vi poeta do cotidiano,
transformando o meu dia em poesia,
buscando novo sentido pra essa loucura que  viver.
Sentindo a vida na sua magnitude complexa
e rabiscando os avessos em versos.

Me decifrando...


Reginaldo

"MARCANDO PASSOS NA ESTRADA DA VIDA"



Eu continuo andarilho da vida,
bifurcando caminhos,
entrando por atalhos 
e picadas da estrada.


Bebendo água nas bicas,
sem bagagem,sem pressa,
sem rumo ,nem rota de viagem,
sigo ao sabor do vento.

A chuva molha o calor do sol ,
que faz a sombra do ipê,
sombra que embala o cansaço,
e convida a parar.

Acumulo alegrias,tristezas,
decepções e euforias,
amigos,amores,
paixões e dissabores .

Sou levado não sei pra onde,
recebendo o dia,abraçando o cair da tarde,
que ao findar puxa a noite pela mão,
e a deixa como companheira.

Sinalizo pro alto,
aponto e conto estrelas,
no véu negro e cintilante
que cobre minha cabeça.

Lá no sopé vê-se a lua,
apenas um fio dourado,
uma navalha de cortar a alma,
arredia e decepcionada por estar vazia.

Neste cenário sem clareza,
caminhar é preciso,
seguir sempre avante,
decifrando sinais.

Revelando vida nos passos,
desvelando belezas nas margens,
sentindo o perfume das violetas,
voando com as borboletas.

Carregando na memória,
sorrisos,amigos,histórias.
Escrevendo de passagem
uma odisseia na poeira.

O vento que a vida é,
sorrateiro e fugaz,
espera a hora de soprar,
apagar as pegadas do caminho...

Fazer com este andarilho,
o destino a sutil maldade,
varrer as pegadas,as marcas,
as lembranças...Virar saudade!


Reginaldo

terça-feira, 18 de março de 2014

"ATRAS DO ESPELHO"



As mãos tremulas,
o corpo esguio,
as pernas fracas,
a dor geral.

Apanhou da vida,
marcou-o tempo,
caminhou descalço,
feriu os pés.

Vitima do caos,
das atribulações,
da dureza dos dias,
do buscar o pão.

Foi cedendo,
se entregando,
esquecendo de si,
agora é tarde!

Ouviu teus olhos no espelho,
a verdade não soou bem,
aquela decadência toda,
não era ele.

Os sulcos no rosto,
os cabelos raros e brancos,
o cansaço no semblante,
O fragmentado ser.

Parou...
Juntou o que restava,
os cacos deram um jarro,
um pouco de terra e água,
quebrou a semente e plantou.

Rompeu com a covardia,
que invadia seus dias,
olhou pra dentro de si,
sacudiu a poeira,
e tudo que o envelhecia.

Decidiu viver,
aproveitar os tremores das mãos,
pra escrever belezas curvas,
se não dava pra caminhar,
olhar o horizonte,
descobrir embaixo da carcaça esguia,
uma fonte resiliente.

Seguiu novas perspectivas,
quebrou a rotina,
rejuvenesceu a alma,
levando os dias com calma
na palma das mãos.

Do caos harmonia,
da lição aprendida,
do tempo melodia,
que resta pra viver.

Tem Poesia!

Reginaldo


As mãos tremulas,
o corpo esguio,
as pernas fracas,
a dor geral.


Apanhou da vida,
marcou-o tempo,
caminhou descalço,
feriu os pés.

Vitima do caos,
das atribulações,
da dureza dos dias,
do buscar o pão.

Foi cedendo,
se entregando,
esquecendo de si,
agora é tarde!

Ouviu teus olhos no espelho,
a verdade não soou bem,
aquela decadência toda,
não era ele.

Os sulcos no rosto,
os cabelos raros e brancos,
o cansaço no semblante,
O fragmentado ser.

Parou...
Juntou o que restava,
os cacos deram um jarro,
um pouco de terra e água,
quebrou a semente e plantou.

Rompeu com a covardia,
que invadia seus dias,
olhou pra dentro de si,
sacudiu a poeira,
e tudo que o envelhecia.

Decidiu viver,
aproveitar os tremores das mãos,
pra escrever belezas curvas,
se não dava pra caminhar,
olhar o horizonte,
descobrir embaixo da carcaça esguia,
uma fonte resiliente.

Seguiu novas perspectivas,
quebrou a rotina,
rejuvenesceu a alma,
levando os dias com calma
na palma das mãos.

Do caos harmonia,
da lição aprendida,
do tempo melodia,
que resta pra viver.

Tem Poesia!
Reginaldo

sexta-feira, 14 de março de 2014

"ACORDES DAS CALÇADAS"





Indigente, aos olhos indiferentes
da grande maioria cega,alienada,
sem o menor sentido.
Não escuta o som das ruas,
o barulho da selva de pedra.

Ouve eco do que não me diz nada,
dedilha com os pés a canção dos passos,
declama musica na caminhada,
faz vibrar as cordas do seu destino,
buscando a vida em rodas e calçadas!

Louco sem juízo final,
não precisa de julgamento,
a vida sem parada,sem fixar moradia,
toda essa labuta,essa covardia,
não lhe tirou da alma a poesia,
esta é tua sentença!

Segue desembrutecendo vidas duras,
amolecendo as pedras do caminho,
colhendo rosas no canteiro de cactos,
fazendo brotar encantamentos
na cegueira opaca sem brilho,
ao som do seu instrumento.

Tens apenas o dia pra seguir só,
estradas de pó,comendo o que lhe dão os passarinhos,
indiferente,imune,não desiste,
insiste em dizer palavras doces ao vento,
a fim de adoçar o sopro que a vida é.

As praças o acolhe,os bancos 
são os braços que lhe acarinham,
as arvores lhe trazem as sombras,
o céu é seu telhado,sua única cobertura,
a noite seu acalento até que o dia desponte.

Enfim,lá no fim de tudo,
tudo que precisa estava com ele,
a mais pura essência!
Que espalha ao pisar nas calçadas nuas,
receptivas ruas,
acolhedores dias.

Indigente pra muita gente,
mas nunca deixou de ser ele,
jamais silenciou a musica dos passos,
nem calou tua poesia!  


Reginaldo

MEDOS E ENCANTOS

    Tenho medo daquilo que conheço, dos buracos por onde andei, dos passos e rastros deixados nos medos que descartei. Que o mundo me ...