sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Claustro



A menina vestida de céu
Procura uma rota de fuga
Longe que seja ao léu
Ou para onde ninguém se conjuga

Espera romper as barreiras
Que lhe roubam o infinito
E assim abrir a clareira
Para seu voo mais bonito

Voar para dentro de si,amparada
Na imensidão do desencontro
Que lhe fora morada

Sem temer a noite escura despir das vestes
Com asas alforriadas
Onírica Loucura.

José Reg

Translúcida


Ela mergulha no lago da Iris
Silenciosa submerge sem rebojo
Sabe da sombra do arco-íris
Segredado no fundo do estojo

Não revolve uma marola
Sob a galha seca do tempo
Sua sutileza até consola
A falta de voo do pensamento.

Ela rompe com escuridão
Cheia de si inventa caminhos
Pela rota sinuosa da contra mão.

Desfila sua exuberância quando flutua
Na crista do lago insone que mostra
A nudez luzida da Lua.

José Regi

A HISTÓRIA DE BELINHA


A minhina é bela frô
A disfilá sua formusura,
Inocente num sonha amô
Ainda é cedo pressas frescura.
O vento espaia us cabelo dela...
Laço de fita vermeia,
na oreia uma frô de ipê,
amarela
Ela perambula pela vila
Bela de feitiço dobrado
Corre solta iguá passarinha
Sem sabê o que tá guardado.
Corené cúbiça a frozinha
Para adorná seu jardim,
Mais qué ela suzinha
Nem mais um Passarim.
Coroné é homi poderoso
Consegui tudo qui qué,
Cismou com a pobre minhina
Pra se sua muié.
Frozinha bela num sabe
Das mardadi dos grandão
Por isso fica a vontadi
Sem guarida e proteção.
Corené Faustino
Bode veio sem vergonha,
Já traçou o desatino
De fazê pesadelo do sonho.
Os pai,dela gente humirde
Num tem cumo risisti,
O dinheiro compra tudo
Num adianta divergi.
Feiz dizesseis primavera
A lorinha frô belinha
Sem sabê o que espera
O finar dessa linha.
Um dia seu pai chamo,
Belinha vo ti conta
Ocê já é moça criada
E pricisa de casa.
Coroné é homi bão
Viúvo e sem herdero
Me pidiu a sua mão
Veja só o entrevero.
Nóis mora aqui na fazenda
Cria os bicho,ara terra
Mói cana na moenda
Ele nunca feiz guerra.
Mais su ce num casá quele
Nois vai te qui ir imbora,
Procurá otros arqueire
Por esse mundão afora.
Intão mia fia Eu dei pirmissão
Ce num mi faiz essa afronta
Cedi prele sua mão
Que as coisas si apronta.
Belinha,frô alegre se fecho
Seu zoio si anuvio
Saiu disimbestada pelo prato
Lá pás banda do rio.
Triste à tardi fico
Quando a notiça viro falatório
Frô belinha afogo lá rio
Dispois de sabê do casório.
Era o fim da primavera
Pa frô mais bela que havia
Prifiriu intregá seu corpo a terra
Que ao destino e tirania.
Viro lenda nas campina
Todo inverno froresce.
Numa calendula pequenina
Frô belinha desmorrece.
José Regi

Princípio Ativo.


Era pra falar de amor, sem dor, sem odor.
Amor insípido, puro de carne sem toque,
Verbo virginal como o amanhecer de amanhã
Que ainda não sentiu a lascívia do sol.
Era para ser, sem ter num plano etéreo
Platônico. Imaginado vivo como corte indolor.
Era pra ser amor e mais nada
Neste delirar nefasto que me consome.
Mas que amor é este que faz sofrer
Que faz do homem criança arredia e chorosa
Pelos cantos da vida, pelas vias da solidão.
Que mundo é este que não tem cor?
O que fizeram com a nobreza deste sentimento?
Arrancaram o jardim das flores e meteram cimento
Roubaram o encanto do azul, pintaram de cinza.
O imenso manto,descoloriram o firmamento.
As ruas estão cheias de distâncias, sem sorriso.
Sem cortesia, sem nada e sem poesia.
Inventaram a loucura, as doenças sem curas.
Desertificaram os oásis... Secura.
Não deixaram respostas, nem mapa, nem rota.
Impuseram a escuridão e roubaram a luz do fim do túnel
Apagaram o farol que Luzia o caminho
Cortaram a última rosa e deixaram o espinho.
Enfim o silêncio grita saturado pela anarquia instaurada
Há um conflito eminente entre a alma lúdica
E a utopia do reencontro... Em vão
A boca pergunta onde estão?
Cadê, por que, aonde foi se esconder.
Aquilo que fazia flutuar só de olhar
Aquela efeméride perene e fugácea
Que durava uma eternidade.
A Dureza das pedras do leito agora seco no meu peito
Ainda suga a seiva verde do limo impregnado... Esperança
Que seja o amor ainda a resposta para as inquietações do homem
Quando este se entender mais humano.
Que cesse o que for profano
Que ele volte aos encantos sem dilema
Para abrandar minhas tormentas
E assim trazer respostas ao meu teorema.
Pois para o poeta,o amor ainda é o melhor tema!

domingo, 12 de março de 2017

Tributo a meu berço







Existe um pedaço de chão sagrado no topo da Mantiqueira
Um misto de Olimpo, Babilônico refúgio de Deus até,
Um recôndito de Paz, harmonia e de gente ordeira.
Neste pedaço de paraíso o qual Chamam Maria da Fé.

Aqui o céu beija a terra encurtando as lonjuras
Tudo são calmarias e belezas em suas ruas de pedras,
A natureza aqui rompe com todas as conjecturas
Onde as noites escuras nunca são trevas.

Os deuses habitam nas tuas alturas
As crenças laicas respeitam-se em suas sendas
Num elo harmônico sem rupturas.

Maria da Fé, o que te tornas diferente,
Ante as demais localidades adjacentes...
É o bucolismo ingênuo e carinhoso de vossa Gente!



Jose Regi

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

VOU INDO FICANDO




Por entre os carros que passam
E a pressa sem graça do tempo...
Envelheço!

Do viço da manhã de ontem
Ao hoje ainda tardio para o incerto...
Desço!

Cada vez que uma folha cai ante ao ar parado sem vento
E inventa um renascer...
Estremeço!

Entre os carros que passam
E a pressa sem graça do tempo, embora partindo...
Permaneço!



Jose Regi

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O que é a morte afinal?



A Morte não é nada.
Nada além de um estreito caminho
Por onde só se passa um de cada vez.

Ela é um alento pra quem vai
E um tormento pra quem
Ainda não cruzou o portal

Ela nos faz recolher
Na plenitude do ser,
O quão insignificante somos.

Semeadora de saudade
Faz regar com lágrimas
A partida sentida.

Nesta ora de dor,
Pedimos força ao senhor
Para suportar.

Ele foi a maior prova
De que a morte não vence
Quem na fé dele adormece.

Fica latente a dor como corte na pele
Que cicatriza pelo amor
Daquele que nos rege

Para nós que ficamos saudosos
Resta a saudade boa e a esperança
De um breve reencontro.

Pois até cristo morreu um dia
Para agonia da morte
Ressuscitou.

Provando que a morte não é nada,
Nada além de um caminho estreito
Por onde só se passa um de cada vez.


Jose Regi


MEDOS E ENCANTOS

    Tenho medo daquilo que conheço, dos buracos por onde andei, dos passos e rastros deixados nos medos que descartei. Que o mundo me ...