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A HISTÓRIA DE BELINHA


A minhina é bela frô
A disfilá sua formusura,
Inocente num sonha amô
Ainda é cedo pressas frescura.
O vento espaia us cabelo dela...
Laço de fita vermeia,
na oreia uma frô de ipê,
amarela
Ela perambula pela vila
Bela de feitiço dobrado
Corre solta iguá passarinha
Sem sabê o que tá guardado.
Corené cúbiça a frozinha
Para adorná seu jardim,
Mais qué ela suzinha
Nem mais um Passarim.
Coroné é homi poderoso
Consegui tudo qui qué,
Cismou com a pobre minhina
Pra se sua muié.
Frozinha bela num sabe
Das mardadi dos grandão
Por isso fica a vontadi
Sem guarida e proteção.
Corené Faustino
Bode veio sem vergonha,
Já traçou o desatino
De fazê pesadelo do sonho.
Os pai,dela gente humirde
Num tem cumo risisti,
O dinheiro compra tudo
Num adianta divergi.
Feiz dizesseis primavera
A lorinha frô belinha
Sem sabê o que espera
O finar dessa linha.
Um dia seu pai chamo,
Belinha vo ti conta
Ocê já é moça criada
E pricisa de casa.
Coroné é homi bão
Viúvo e sem herdero
Me pidiu a sua mão
Veja só o entrevero.
Nóis mora aqui na fazenda
Cria os bicho,ara terra
Mói cana na moenda
Ele nunca feiz guerra.
Mais su ce num casá quele
Nois vai te qui ir imbora,
Procurá otros arqueire
Por esse mundão afora.
Intão mia fia Eu dei pirmissão
Ce num mi faiz essa afronta
Cedi prele sua mão
Que as coisas si apronta.
Belinha,frô alegre se fecho
Seu zoio si anuvio
Saiu disimbestada pelo prato
Lá pás banda do rio.
Triste à tardi fico
Quando a notiça viro falatório
Frô belinha afogo lá rio
Dispois de sabê do casório.
Era o fim da primavera
Pa frô mais bela que havia
Prifiriu intregá seu corpo a terra
Que ao destino e tirania.
Viro lenda nas campina
Todo inverno froresce.
Numa calendula pequenina
Frô belinha desmorrece.
José Regi

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