terça-feira, 28 de outubro de 2014

"EXERCÍCIO DE PARTIDA"


O sol não veio,dormiu até mais tarde,
o trem que traria o destino atrasou,
somente a penumbra da despedida
apresentou a passagem.

Mas...
tenho os pés plantados,
mesmo de malas prontas ,
louco pra sair daqui,
vou indo ficando!

Tenho raízes e razões para ficar,
o corpo que vá...Não é meu,
é pó...
É terra!

Meus reflexos e reflexões,
são ramagens de uma vida,
minha essência é arvore
que cresceu á sombra.

Fico a espera do lenhador,
aqui perto da encosta,
saudoso entre os troncos tombados,
que se foram com o tempo.

Espero sem querer,
mas quero esperar
que o trem do ceifador
descarrile a poucos metros de mim!

Que eu tenho tempo pra ver,
meus galhos habitados,
meus frutos colhidos,
meu dependentes alimentados,
que eu tenha o que foi negado aos troncos tombados!


Reginaldo

"DÊS-ALAR"


Abrir a gaiola que aprisiona a alma,
livrar-se do fardo das penas,
descerrar asas e caminhar livre...

No caminho dos sonhos,
nas veredas floridas,
nas vias de fato.

Encontrar o rumo do horizonte,
onde brote a semente redentora da vida,
onde seja do amor a fonte.

Seguir por ela a pé,
desnudo das maculas do voo cego,
tateando passos firmes de quem sabe o que quer.

Seguir,seguir e conseguir!

Reginaldo
Imagem inspiradora de Leila Angelina Zanardi

terça-feira, 21 de outubro de 2014

"INSONE"


A noite por vezes é uma busca,
silenciosa,inóspita,
um mergulho no fundo
de um "Eu"perdido sob a sombra da ausência.

Quando se espera do amanhecer,
um naco de luz que seja essencialmente guia,
o destino desvela-se,
capcioso,armadilhento,mas inusitadamente atraente.

Corremos os riscos,
não mensuramos,
sob o designo da sorte.

Uma aventura onde se ganha,
quando não se perde...

Viver o dia,
querendo a noite
e de novo buscar.

Anoite tudo acontece,
tudo adormece,
o corpo desfalece,
em buscas inconcebíveis,
que o dia segreda.

Isto não tem denominação,
a isto não se chama,
o nome disto é sonho,
delírio ou ilusão.

Jose Reginaldo Da Silva da Silva

"POETA ?"


O que é aquele ser,
que vê sol em dia nublado,
que busca arco-iris na escuridão,
que faz chover com o céu azul,
que sonha pedra voando,
pássaros florindo,
flores migrando?
Que vive o paralelismo
do real e o abstrato,
que é húmus de alimentar delírios,
é substrato de palavras doces
ao amargor geral e imutável?
Quem é ele?
Que grita silêncios,
que finge normal,
que fala besteiras
que senta na praça,
olha sem graça
a sinfonia do vento.
Louco?
Loucura,
essa vida da gente,
passado,futuro e presente,
ouvindo o dia,
chamar pela noite,
num encontro que não acontece,
a tarde sempre interfere no amor destes dois.
Diabo...!
Um dia me acabo,
sem eira nem beira,
no fim desta estrada,
de curvas acentuadas,
de retas escritas tortas,
a beira de um livro,
liquido como o rio preguiça.
Ainda fujo de mim,
deixo pra traz este corpo,
para poleiro de garça,
me embrenho em voo,
liberto e solto,
na corrente das maresias.
Ainda fujo daqui,
pra dentro da poesia...
Um dia...Um dia!

Jose Reginaldo Da Silva da Silva

"ENTRE SOMBRAS E LUZ,BRILHA POESIA"


Na casa da escuridão,
tem luz fugindo pela janela,
mal sabe a luz que é noite lá fora.

A noite sem luz,
invade a janela,
mal sabe a noite o que a espera.

Já vem o dia batendo a porta
da casa da escuridão,
mal sabe o dia que todos os repudia.

Insiste em bater seu ponto
contrariando a lógica,
mal sabe a lógica que o tempo não para.

Dissipa-se toda escuridão,
agora casa da luz do dia,
mal sabe o dia que a noite não morre.

Então amanheceu o pensamento,
na casa da claridade que reluzia,
segue o compasso do vento...

Mal sabe ele,espalhador de poesia!

Jose Reginaldo Da Silva da Silva

"VOLÚPIA"

Quero a noite plena,
a penumbra do quarto,
a janela fechada e o silencio...

Quero o sono mais tarde,
dormir no teu peito,
chama que arde!

Quero teu corpo,
enroscado no meu,
entrelaçar de pernas
nos embrenhar.

Quero o verde das folhas,
o barulho das rolhas
do vinho se abrindo,

Quero o som do vento
soprando baixinho por
entre as frestas.

Quero a indecência,
carnal e o fogo,
saciados desejos.

Quero além dos sonhos,
dos lençóis e da cama,
quero lampejos eternos.

Quero o gozo,
o pouso suave,
o desaguar no teu mar...quero só Amar!


"ÁGUA DE MOLHAR SECURA"

Deslisa minhas mãos
nas curvas da manha,
meus olhos contemplam
o sol recém acordado.

Nuvens são esperança,
de ver o céu desabar,
lagrimas dos olhos,
que alguém deixou de chorar.

Abraço o dia como a um corpo
ardente,carente do desejo de ser
mais que um templo de alma.

O vento sopra frescor,
ameniza as nuances,
abranda o calor.

O pensamento é água parada,
no remanso do regato,
roda em círculos
sem rota de fuga.

Quero verde,
quero verte
quero verter cascata
em meio tua mata virgem.

Quero sal.
o doce amargo,
quero âmago,
quero a falta de ar,
quero escorrer
em teu corpo.

Sem querer ...Amar

Em teu céu azul...Chover!


"DOMESTICADO"



Sou cama-leão,
transmutando tempo,
deitado em berço esplendido,
na selvageria diária sou "rei".

Busco,caço,como,
deito ,descanso,durmo.

Já fui mais leão,
já briguei mais,
hoje sou calmo,
bichinho domesticado
sou cama,mesa e banho.

Montei parada,
não tenho mais bando,
sou agora cordeiro de rebanho.

Tenho tentado viver,
sou tentado morrer
mas sou rei de um reino de quatro,
sou fera pras tentações.

Sou Camaleão,
mudo de cor pra enganar o tempo,
o olhar pelo incomodo do vento,
sou lento,
sou murmurio e lamento,
sou templo,
rebento e falecimento,
sou broto eclodindo,
renascimento.



quarta-feira, 15 de outubro de 2014

"Tânatos"


Ela espreitava...

Não adiantou,
revirar a caixa de pandora,
agarrar-se ao que restava de esperança.

Uma sombra movia-se,
se ouvia,
no silencio daquela manha!

No preparo da terra,
a serra ingrime,
arada...!

Cova rasa,
um corpo sabe-se semente,
sedente de chão!

Partiu...no fim da manha!


Reginaldo

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

"AVOAR"


Quando não houver mais saída,
nem chegada e nem partida,
nem aceno e despedida...

No crepúsculo ao fim do dia...

Ainda restará as asas
e a poesia!

Se não passa,voe!

Jose Reginaldo Da Silva da Silva

"ADULTEROU-SE"


Criança,
sentada na cerca,
cercada de esperança,
inocente,viçosa,
sem nada de petulância,
olhos de buscar horizontes,
cabelinho de fogo,
vestido de simplicidade,
sem chinelinho nos pés,
que sempre estavam descalços.
Ouvidos ao sons profundos,
escutando e aprendendo
dos podres do mundo.
Aquela criança,
colhendo o tempo,
que passara lento,
como vento de estação,
usava trança amarrada na ponta,
o que desapontava era o rosto escondido,
com medo do amanha.
O medo,esse daquela criança,
sentada na cerca,não foi com vento,
a criança se escondeu
dentro de si,permanece ali
com medo de tudo
do raso e do fundo
pois deixou de ouvir somente os sons,
agora lhe é real
o cheiro dos podres do mundo.
Agora chora o adulto,
o velho e o ancião,
a cerca caiu,
o horizonte se abriu,
a criança cresceu,
e se escondeu
atrás de dois olhos estupefatos,
no intimo de um ser atormentado
que não consegue mais entender,
pois deixou de ser aquela criança da cerca!

Jose Reginaldo Da Silva da Silva

"TURBILHÃO"


De todos os tormentos,
que atravessas em dado momento,
suporta,aguenta.

Com calma rumina,
mastiga,engole e pensa.

Vai passar,como brisa,
vendaval e ventania.

Com versos e poesia,
que tua alma inventa.

Pois tudo,
a que se saber,
sopro e vento!

Jose Reginaldo da Silva

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

"É LÁ,NO SILENCIO!"


Onde o mar,as margaridas
a amar,o amanhecer
as idas e vindas.

Onde a vida,
o vento rasante,
a água na fonte,a vazante.

O céu, o ar,a terra,
os olhos a lacrimar,
úmido elementar...

Um lugar,lá,ali.aqui,
dentro de mim,
com toda euforia do habitar,morar,
estar.

Onde o silencio,
se mistura a balburdia,
aos conflitos internos.

A paz e o inferno,
o fugaz e o eterno,
o calor e o inverno,
a noite e o dia.

Na mais humana das confusões!

No campo extenso dos meus versos,
avesso do real,onde impera a cor,
o viço e o vicio do amor.

Até que se esfrie o corpo,
que se deite no ponto
final da história.

Onde não exista o medo da morte!


Reginaldo

domingo, 5 de outubro de 2014

"ÉREBO"


Habito um silencio,
Onde sobram sombras!

Ha luz farta...
Falta!

Pois ha sombras sobrando!

Sonhos escuros,
pichados no muro
das lamentações.

Ante ao breu total,
tem "EU"...

Um eco aflito!

Assombrações!



Jose Reginaldo da Silva

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

"QUÉRULO"


Com olhos de melancolia,
vejo palavras mudas,
no fundo do mundo do poço,
ouço um eco doce e triste,
como se fosse sussurros
com o dedo em riste,
me pedindo tire daqui!

Alma pura de querubim,
sem asas de fazer estripulia,
não sabe ser chão,
por isso rasteja.

Fareja o céu,
saudoso de vento,
olhos marejam,
suspiros pra dentro,
são palavras,lamentos,
em mantras sedutores,
pra levar...

Ao fundo do mundo do poço,
tirar esta alma do escuro,
do apuro das sombras,
trazer a luz.
Eu, redentor de anjo caído,
perdido em meio ao caos,
desta inquietante canção.

A beira do abismo,
me vejo humano e fraco,
sem asas, nem voo.
Me jogo no buraco entre as palavras,
caio nos braços do meu anjo da guarda,
sentado quieto no fundo da alma.


Se é no fundo que sempre estou,
é lá que ele vai me guardar!

Jose Reginaldo Da Silva da Silva

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

"CAMINHO IN-VERSO"


Descalço,marcando passo,
segue no compasso da solidão,
busca no alto do silencio mudo
algum sinal de encantação.

Vive o avesso dos sonhos teus,
acordado com o tempo viril,
não tem versos em suas prosas,
a poesia pra si é mera fantasia.

Fala de encanto,
de flores e sonhos,
de paz e sossego,
disfarçando seus demônios.

Encara seus diversos,
cheio de inquietação,
teu mundo é in-verso,
tua realidade ilusão.

Mas segue assim,
descalço,
marcando passo,
com toda disparidade...

No teu encalço!

Reginaldo

'ONDE MORA O SILENCIO..."

...morrer de amor é viver?

O amor é habitat
de vida e de morte,
quem for de vida abrace,
quem não for...
boa sorte!

Jose Reginaldo Da Silva da Silva

"EM SUMA"


Onde o verde é ver-te,
verte viço e vida,
e viver é vicio!

Reginaldo

"INDO SÓ"


Um mundo mudo,silencioso,
presumida finitude,
inóspito chão.

A que se saber da sobra
do eco ócio ,deste
inefável coração.

Do amargor doído,
contuso,buraco aberto no peito,
transcende o corpo.

De súbito,
incomoda o vazio que vaza
pra fora.

Uma efêmera culpa,
ecoa,escapa ao domínio dos pés,
vaga só um corpo templo.

Passos ermos ,sem rota,
sem curso,sem coração,
sem tempo,sem pulso!

Jose Reginaldo Da Silva da Silvalva

"ASAR-SE"


Asar?
Não é má sorte,
nem mesmo beijo de morte!

Asar é criar asas,
voar além do peito,
alar!

É buscar a chuva
lá no nascedouro,
aquela pura de saciar a sede.

Asar é sonho de ícaro,
então porque acordar?

Jose Reginaldo Da Silva

"O BEM-TE-VI"


Se bem-te-vi ,
outubro em tempo,
abrasa encantamento,
calor sentimento,
emana saudação.

Boas vindas,que seja então,
meu signo,
meu seguir sem ilusão,
caminhos cantantes,
sonoros mantras de libertação.

Boas novas,
outra estação...

Se Bem-te-vi canta,
não serei lamentação,
pois em meio aos espinhos,
há sempre broto novo em rebentação,
renascimento e redenção!

Reginaldo

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

"JANELA FECHADA"


Uma cadeira vazia,
no canto da sala,
abre alas um vazio de alma
cheio de silencio,
avido de luz.
Perambula no estio
por entre os vazios
na ânsia de achar
algo que lhe complete,
que interrompa o silencio,
a inquietancia dos eternos instantes,
onde passa a vida
dentro de um tempo parado,
com os olhos irritados
de contar areia de ampulheta.
Lá fora ha luz,
as cores no campo,
borboletas,,
colibris,
pardais e bem-te-vis,
tem chuva fina,
tem sol abrasador,
tudo lá fora é vida
pulsa,tem viço
em vicio de viver.
Mas os olhos de olhar escuridão
não lhe permite voar.
Contempla do vazio da sala,
da cadeira vazia,
dentro de um deserto,
os poucos versos que lhe traz o vento.
Não consegue ver além da soleira,
nem ouvir os pássaros
com a janela fechada.
Desistiu da ampulheta,
de contar areias...
Desertificou o seu peito,
onde não tem primavera,
é só um corpo vazio,
numa cadeira de canto,
que perdeu o encanto.
Não semeou,
na seara do tempo,
agora lamenta
a solidão,
por traz da janela fechada!


Jose Reginaldo Da Silva da Silva

MEDOS E ENCANTOS

    Tenho medo daquilo que conheço, dos buracos por onde andei, dos passos e rastros deixados nos medos que descartei. Que o mundo me ...