terça-feira, 29 de novembro de 2022

Choque de realidade

 



 

 

É da natureza do homem,

O delírio

O superlativo

O exagero

É isso que nos consome

O tempo e a vida

 

Essa nossa teimosia

Em complicar

E inventar dificuldades

Nos cega,

Nos impele o voo

Nos encurta o caminho

 

Quando se percebe

Que o simples é o melhor

Dos acessos...

Já nos perdemos na rota

Sem possibilidade de retorno´

 

É da natureza

Simplificar

O não inventar

O não dificultar

É da natureza cumprir

O combinado

 

E nos jardins dos dias

Nascer apenas

O que for semeado

A natureza é simples...

O homem

É que é complicado.

 

José Regi

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Incursões

 

 



 

 

Perambulei por vias escuras,

A procura

De um tal amor eterno.

Fui do paraíso ao inferno

E retornei ainda mais

Distante dele

 

Pouco a pouco

Essa obsessão

Revirou a vida

Mudou o pensar

Os sonhos

E se fez verso

 

Fui ao passado

Ainda morno,

Revirei o entorno

E ele não estava lá.

Do penhasco

Onde o mirante

Convidava ao voo cego

O escuro do vale

Não o escondia...

 

Estava em outra cercania,

Não havia o encontro perene

E o sossego.

Perdido andava em circulos

Sem perceber...

 

Mergulhei muitas vezes

No obscuro prazer,

No proibido,

Não convencional...

Mas ele não estava lá.

 

Retornei ao limbo da existência,

Da solidão,

Pena perpétua,

A condenação

Minha procura não finda

 

Inda que goze

Efêmeros instantes.

Sigo a sina,

Volto a cena,

E o cenário não muda...

Ele também

não está aqui.

 

José Regi

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Inquietudes temporais

 



 

 

Percebe-se no anteparo do olhar

Um resquício de angústia

Na soleira de entrada.

No tapete uma mensagem de boas vindas

 

A casa aparentemente arrumada

Dá uma ideia de organização

Emocional equilibrada

Qual nada! Ele é humano!

 

Dessa forma

O sorriso externo

Quase Monalisa, disfarça.

Mistérios de uma alma incompleta.

 

A conjuração decepcionante de fatos

Situações contrárias ao bem estar

Roubam a paz dos desertos

E o tempo do poeta.

 

José Regi

 

 

 

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Erupção

 



 

Teus olhos azuis ensolarados

Acendem o luzeiro,

Exala calor teus desejos vindouros

Para o espelho que lhe nega um sorriso

 

Assina no vidro embaçado do box

Um verso explicito de escárnio,

Água fria do banho não abranda

O incêndio interior que ferve

 

Volúpia em carne viva

Dedos ávidos aventureiros

Gemidos suprimidos

Num gozo quase silêncio

 

Tua solidão suscita fuga

Teu desejo rompe gaiolas

Efêmeros oásis

Possibilitam o voo solo

 

Onde desagua por inteiro

Teus rios de lava

Onde lavas a alma

E volta a sonhar.

 

José Regi  


 

MEDOS E ENCANTOS

    Tenho medo daquilo que conheço, dos buracos por onde andei, dos passos e rastros deixados nos medos que descartei. Que o mundo me ...