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"OUTROS OLHOS"



Ardia,
minha ânsia doentia,
Louco, insistia
em gritar silêncios,
encher vazios
nas fendas do tempo.

Um dia,um livro,livre,
meu livramento...

A lata de lixo,
do lado do banco
na praça central,
numa tarde normal,
fuçava o pão,
com as mãos sujas,
a barriga nas costas,
e os pés no chão.

Um livro de Drummond,
como algo que luzia,
foi meu banho,
minha assepsia,
Ter-a-pia,
água corrente
pra dentro da alma.

Me curei,lavei as mãos.

Entre flores e espinhos
encontrei o meu caminho,
nos avessos,
entre Aves e raposas,
colhi os versos,
inversos ao meu universo.

É agora José?

Como vai ser?
Depois de comer deste pão,
do mel das  palavras
ditas por gente?

Não sei,serei
poeta pros pássaros,
pras arvores da praça,
pras flores dos canteiros
em meio a fumaça...

Mas aos olhos do mundo
só mais um imundo contente,
um "Indigente"!


Reginaldo

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