Pular para o conteúdo principal

"SONHOZINHO"




Anti amanhece lá no ninho,
morador do fim do mundo
o Menino-Zinho,vai do sonho ao pesadelo
no instante de um segundo.

Um café amanhecido com
pão murcho mal dormido,
pra barriga não chiá,
vai decendo o morro devagar.

Vai decendo os degruas do seu calvário,
no resto da madrugada,
todo molhado de orvalho

Vai cumprir a sua sina,
desempenhar o seu papel,
tendo livre suas asas
sobre as bençãos de Izabel!

Seu caminho é turtuoso,
vê coisas que não devia...
pela falta de idade,
por ainda ser menor!

Um corpo frio caido,vazio,
que a alma abandonou
depois do tiroteio...

Umas moças semi-nuas
vendendo o que sobrou
de uma infância roubada,
ali no canto da rua!

Mas o menino-Zinho homem,
já está calejado,maduro,
não se impressiona,
acredita no futuro!

Chega na praia...
Antes do sol
pra catar suas latinhas,
perto da escolinha de futebol.

Pés descalço,
grosso de pisar o chão,
limpa logo toda orla,
pros turistas de verão.

Pedura-se na cerca do campo,
com os olhos de esperança,
quer ser outro,ter outro destino
a pobre criança!

Tem habilidade o menino-Zinho,
pra driblar suas agruras,
é artista o menino,
Para pincelar outra gravura.

Alguém vê o garotinho,
uma luz,um anjo!!!
Chama com carinho,
vem aqui negrinho,
quer jogar um pouquinho?

Balança a cabeça e vai,ligeirinho!

Era tudo que ele queria,
pra mostrar o teu valor,
uma chance, só uma,
Ele pedia ao Senhor!

Resiliente,perseverante,
amanhece enfim nova aurora,
menino-Zinho tá feliz...

Vai ser jogador de bola!


Reginaldo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Enfim...

      Dedico a vós o meu silêncio A inquietude abismada Dos meus versos Esses voos ora preteridos Deixo assim subentendido Em pousos dantes...Arremetidos.   Vasto é a amplidão Desse universo mudo Eximido de eco Ou retorno Onde o exilio É silente contuso.   Corto os punhos, Dramático, patético Suicídio poético Antes, porém, rascunho A sangue quente A dor corrente Na rubra tarde que cai Aos pés da noite eterna.   Não tenho asas, Nem pernas Nem plumas Ou penas Que sentenciam o fim No crepúsculo.   Há um último impulso Antes da queda Um último plano Ante o medo da escuridão. Respira afoito Um derradeiro pulso...   Não há mais nada Nunca houve,   Nunca esteve. Nunca foi... Não há mais tempo! Poema escrito Sobre areia fina, Só quem lê É o vento.   José Regi    

  Fé é uma planta frágil Regadas a gotículas De esperança. É acreditar no impossível, No imponderável, andar na contramão da lógica Da realidade e crer no invisível, na onisciência, No divinal.   Ter fé é cultivar a ingenuidade De uma criança, A fragilidade de uma mariposa no Entorno da luz. É entender possível Quando tudo Se mostra ao contrário.   Ter fé É pegar no rosário e pedir Como quem esfrega Uma lâmpada mágica. É não aceitar. É a negação de si Nas entrelinhas da sua Própria incapacidade.   É acreditar numa utopia Na poesia do inédito No remédio amargo No apelo ao vento Ter fé é orar em silêncio Durante um temporal... Ansiar desvios, Piquetes e atalhos Na estrada da vida.   É a dureza do chão A escassez do pão É o calo das mãos Ter fé é não ter explicação É se nortear pelo íntimo Se entregar a uma filosofia É sacrifício de vida Alienação, Aliança E Abnegação ...

Menino do olho azul

Jaz infanta estripulia. Ainda cedo corria pra rua o menino, Não sabia nada de limites E o mundo lhe era um convite a campear. Explorar além do horizonte Da janela da sala Da cercania entorno Da margem da velha estrada. Olhos azuis de céu Asas nos pés Era quase um semideus Com todos os seus “eus’ Ainda incubado De voos e sonhos. Cismas várias Não eximia os anseios, Havia de ser grande Já previa a cigana Que vendia engodos em troca de migalhas Na esquina da rua do centro. Desbravador solitário Num relicário de teimosia Esculpido a força No tempo. Jaz infanta estripulia Na sucursal de ontem Das gerais do sul... Hoje homem feito adulto Inventa versos como indulto Para proteger aquele menino do olho azul. José Regi