segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Vigilia







A boca não fala
O que escreve as mãos
Os olhos não sabem ler
Os sons são difusos
E tem cheiro indefinido

A tarde banhada de lavanda
Arruma-se pra noite
Que flagra o sol
Nu em pelo em
Seu ultimo mergulho

Nuvens diáfanas desenham trilhas
Na rota dos olhos
Partidos de encantamento
Debruçado na janela
Esperando o desfile dela...

Que vem apontando na rua
Arrancando assobios dos ébrios
Solitários, hirtos com sua passagem.
Coração galopa na garganta
Há uma secura desértica
Sob o céu da boca

Ela chega mais perto
Desequilibra os sentidos
Acelera as batidas
E o coração apanha
Calado

Já se vai noite a dentro
No relento das curvas
Do seu rebolado
Fecho a janela
Durmo de olhos abertos
Só pra ver se a vejo
Nos sonhos que não sonhei.


Jose Regi














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