segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Tempo aberto lá fora

 



 

 

Toda escuridão

Absorver

Sorver o silêncio

E hibernar

Para o tempo

Dar asas

 

Há um desejo de fuga

Na interiorização

Saltar dos penhascos

Ignorar a dor

Desfazer da morte

É entrega e desencontro

 

Cada amigo que silencia

Cada ausência na foto

É um sol apagado

Um sorriso faltando

Um legado,

Uma lacuna

 

Aquele abraço adiado

O eu te amo não dito

Causando conflito

Com a paz falseada

É um maldito dilema

 

O poeta não sabe falar

Da morte,

Sem molhar o caderno,

Sem borrar o poema

Que inutilmente

Tenta florear os adeuses

Mal digeridos.

 

Seus olhos de mar

De azul intenso

É um fractal

De ilusão

Escondendo temporal.

 

José Regi

 

  

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