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Delírios noturnos


 

 


 

Nunca provou o sal da barranca,

Ainda que em delírio houvesse

Mergulhos obscuros

Em águas mornas salobras...

Nunca lambuzou-me em teu suor.

 

Ainda que desejo fosse

Nunca tramou meu corpo

Em tuas teias sedosas,

Nunca acordou abruptamente

ao meu lado ofegante e molhada.

 

Sempre manteve o platonismo

E o egoísmo só pra si.


A volúpia é utopia

E a lascívia que imaginava

São devaneios de eras...

Um relicário profundo

Guardado no fundo

Do baú de quimeras.

 

Cartas de amor abortadas,

Amor monólogo unilateral

Num prólogo egoísta

Do seu eu...

Um dia que ela inventou

E que nunca aconteceu.

 

José Regi

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