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Kurumin

 



 

Eu sou um tanto de tantos,

Pouco, muitos, quase nada

Sou o sal do pranto

Que na ribeira deságua

Aquele barco singrante

Rumo ao mirante

Sou água do igapó

Na melodia da mata

Sou a nota dó

Ao sol que desata.

 

Quisera ser mais...

Que a música do vento

No templo aberto

Desse tempo fechado

A lâmina cega do machado

O golpe sem efeito do facão

Curupira, caipora,

Anhangá ou caiçara...

Proteção

O que vela,

Que zela e protege

O limite, a cerca

Mãe d’água e

A tabua de salvação.

 

Sou a lei da mata

Sou lenda, folclore

A estação que colore

A tarde que desce

Silente...

Sou índio

Nativo

Sou dono de nada

Sou a estrada

O buraco na via

Sou o que havia

Antes de você chegar

Pelo mar torrente...

Sou um tanto de tantos,

Pouco, muitos, quase nada...

Sou gente.

 

José Regi

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Enfim...

      Dedico a vós o meu silêncio A inquietude abismada Dos meus versos Esses voos ora preteridos Deixo assim subentendido Em pousos dantes...Arremetidos.   Vasto é a amplidão Desse universo mudo Eximido de eco Ou retorno Onde o exilio É silente contuso.   Corto os punhos, Dramático, patético Suicídio poético Antes, porém, rascunho A sangue quente A dor corrente Na rubra tarde que cai Aos pés da noite eterna.   Não tenho asas, Nem pernas Nem plumas Ou penas Que sentenciam o fim No crepúsculo.   Há um último impulso Antes da queda Um último plano Ante o medo da escuridão. Respira afoito Um derradeiro pulso...   Não há mais nada Nunca houve,   Nunca esteve. Nunca foi... Não há mais tempo! Poema escrito Sobre areia fina, Só quem lê É o vento.   José Regi    

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