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Voyeur

 



 

Decanta de canto de olho,

No intento recolhe

Encanto aos poucos.

Como louco delira

No que prefere silêncio

Entre gemidos e suspiros

O suor tempera

E anseia pelo gozo

Que o espera.

 

Por trás da cortina

A silhueta perfeita

Seduz e deleita

Entre lenções macios.

O desafio é resistir

A lascívia profana

Entregue na cama

Enquanto expele lava

Vulcão desperto

 

No ponto certo

Toques de dedos

Aguçam os sentidos

Já sem sentido

Se rende

Se desarma

Se desprende

Vencido pela volúpia

 

Ofegante

Se ajeita

Passa o lenço no rosto,

Ainda meio roto

Arruma o nó da gravata

Paga o dizimo

Recolhe seu egoísmo

Fecha a cortina

Sai sem alarde

E some

Além da esquina.

 

José Regi

 

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Enfim...

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  Fé é uma planta frágil Regadas a gotículas De esperança. É acreditar no impossível, No imponderável, andar na contramão da lógica Da realidade e crer no invisível, na onisciência, No divinal.   Ter fé é cultivar a ingenuidade De uma criança, A fragilidade de uma mariposa no Entorno da luz. É entender possível Quando tudo Se mostra ao contrário.   Ter fé É pegar no rosário e pedir Como quem esfrega Uma lâmpada mágica. É não aceitar. É a negação de si Nas entrelinhas da sua Própria incapacidade.   É acreditar numa utopia Na poesia do inédito No remédio amargo No apelo ao vento Ter fé é orar em silêncio Durante um temporal... Ansiar desvios, Piquetes e atalhos Na estrada da vida.   É a dureza do chão A escassez do pão É o calo das mãos Ter fé é não ter explicação É se nortear pelo íntimo Se entregar a uma filosofia É sacrifício de vida Alienação, Aliança E Abnegação ...

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