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Poema que escrevi para desabafar

 

 


 

 

O tempo, na surdina,

De maneira enxuta,

Molha os olhos da ida

Enquanto a volta encurta

Simulando distrair a vista

Da compulsiva

Erosão interior

 

Guardo nos confins,

Muito além das calmarias,

Um rio de lava fervente

Em constante erupção.

Tentativas vãs de oásis,

São quase desertos vazios

No grande êxodo

A que me entrego

 

A chuva que preciso,

Guardei no canto dos olhos,

As sementes aladas,

Sedentas

Aguardam em silêncio

O voo no outono

Junto aos pássaros

Hibernados nos ninhos.

 

O caminho agora é isolação.

Há no ar parado

Uma canção silente

Entoando os sonhos…

De manhãs verdes,

De esperanças palpáveis,

De flores pelos campos

Onde os pássaros voam

Ao sabor do vento leve

Da tarde de sol,

Enquanto acalmo

O vulcão do meu peito

 

Porque guardo em meus confins,

Muito além das calmarias,

Um rio de lava fervente,

Que escorre ligeiro

No pulsar do ponteiro

Do tempo omisso de mim…

Que passa

Como o verso do poema,

Escrito pela pena

Desses olhos

De quase mar...

Morto.

 

 

José Regi

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