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Mostrando postagens de 2016

GUERRA E PAZ

Amor desalmado, armado, Impondo-me o bélico Feria meu peito, apunhalado Ao seu jeito maquiavélico. Travava nos confins O intento de batalha, Este amor cortava em mim Qual lâmina de navalha. Sangrava qual rio ao entardecer, Aonde o sol vinha lavar-se Antes do adormecer... Meu coração. Quando os sonhos são fantasia Toda guerra é utopia E o amor dor e ilusão. Jose Regi

DESERTIFICAÇÃO

Há nas densas matas de mim Criaturas que me assombram Águas mortas sussurrando Nas horas que me assolam Nos meus rios correm pedras, paus e pó   Nas arvores dos meus cílios Penduram-se samambaias e parasitas Enroladas nos cipós Pontes que emergem do chão Fazem elo nas entrelinhas Buscam alguma forma de versar Um sinal, uma conexão. Enquanto o corpo deserto Vai se esvaindo ao vento A alma planta floresta Ante ao desolamento Nos meus rios correm pedras, Ao Céu aberto me recolho Toda água do meu rio Trago no recanto do olho. Jose Regi

Das minhas crenças

A Poesia é um grito silencioso Cheio de conflitos, O poeta tem a boca Que fala nas mãos Imaculado Não tem tatuagens Em seu corpo matriz, Mas carrega na alma Alguma cicatriz Marcas, quem não as tem? Uma pagina em branco O poeta é só fachada, É uma pintura rasurada, Sem assinatura Um sinal Esta que vai ao rodapé da obra, Ali não tem rima, nem prosa, Um tanto de utopia, Disfarçada em poesia. Um ponto final A ultima descida do pincel Faz emergir dos recônditos Mutações em cores Agradáveis de ver... Então nas letras ele se encontra. Jose Regi

Saudade de ontem

Eram ruas de pedras Tardes sem sol Chuva ao longe Enquanto ardia Em ti o desejo de sair A noite vinha de banho tomado Beijar-lhe na janela Onde folheava sutil As doçuras de Drummond O mundo reduziu-se A um olhar perdido No escuro Que a lua colheu Olhando lá de cima Aquela menina, a lua, Da janela de vidro Fugia sua alma pro meio da rua... Eram ruas de pedras.

Solidão lunar

A noite acende a lua que ilumina as trevas As estrelas se enveredam pelo veludo negro A escuridão então dá tréguas Ante a claridade a que me entrego Vagalumeio sem rumo contra os meus medos A luminescência revela o caminho Que aos olhos eram segredos E aos pés desnorteio e espinhos Já corri tantos janeiros fugindo da escuridão Que até meu peito arde Quando a lua toca o chão Talvez a lua tenha lá sua razão, Pra se vestir com tanto brilho Sofre ela e Eu o mesmo mal da solidão. Jose Regi

Mascara de ferro

O palhaço chora sorrindo, No mar dos teus olhos, temporais Há um diluvio incontido sobre o deserto De onde arranca risos abissais Haverá sempre o consolo das palmas Aliciando sua graça desajeitada, Palpando suave o rincão de sua alma Que se vê erma e desabitada Do picadeiro sob as luzes foge Rápido para seu muquifo Libertando-se da pintura Comum à plateia se mistura Sem riso no rosto, Palhaço é concerto sem partitura. Jose Regi

Soprando Brasa

Eis que semeias Um jardim imaginário amiúde, Cíclico despetalar folhas secas Ao vento de levar pra ontem Renasce Num mar de ondas vãs Onde há sempre um vão A invadir ondas novas Ante a histeria balburdiante De frases sem nenhuma cor Uma prece apetece O silêncio multicolorido Sopra a centelha, A vida é um flerte eterno e fugaz, Como os fogos agora cinza Da noite passada Que ainda arde! Jose Regi