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"Desgarrado"


Era manha fria de junho,
o dia empurrava a noite
que não recolhera toda sua escuridão!

Na penumbra da mata
em meio ao vergel amarelo de sol
ei-la assustada sob o olhar malévolo
do corvo.

Uma instigante figura angelical,
semblante reluzente,muita doçura no olhar,
apavorada ao tão desconhecido chão.

Era criatura do céu,que desgarrou-se do bando,
voando em curso torto,caiu,
anjo caído dos sonhos na floresta do medo.

Agora espera que a luz,
invada e dissipe a névoa dos demônios,
espante os olhos que velam seu desespero.

Quer logo esticar as asas feridas,
rever o plano de voo
e alçar pra fora dos seus medos.

Voo solo,
céu azul e límpido,
abismos de si,
que não são o fim do caminho,
embora ainda não saiba andar...

Recolheu asas,
deu seus primeiros passos
tentando o equilíbrio
á nova realidade.

Quando a leveza é negada,
caminhar é pesado...Mas preciso!

Reginaldo

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