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"DESABA(FA)NDO"



Meus silêncios recebem
o toque do tempo,
minhas paredes cansadas
descascam revelando
meu cerne de taipa.

Minhas veias mortas,
onde corriam seivas ,
agora feridas abertas,
expostas ao vento,
a chuva que molha,
o vazio de dentro.

Foi-se a cor,
a lisura,
a tinta rosa,
a base forte,
o sustentáculo
e os pilares
de jatobá roxo !

Agora sou ruína,
esquecido no estio,
visitado por olhos frios,
de um tempo em preto e branco,
de olhares sem cores.

Guardo ainda amarrado as embiras,
no trançado de taquara,
no barro batido á quatro mãos,
a essência de uma lembrança,
de quando ainda criança,
habitava meu intimo,
com medo do trovão.

O tempo revela fragilidade,
onde vou deixando viva saudade,
desmoronando aos poucos.

Já não se ouvi o alarido confuso,
os sorrisos soltos,
já não pulsa vida aqui dentro,
todos se foram para o concreto armado,
sou só retrato de um passado,
onde o tempo impera...

Só uma desabitada tapera!

Jose Regí

Crédito da imagem para Ninil Gonçalves

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