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Mostrando postagens de dezembro, 2015

DA SANIDADE O ESCURO

Pichador moleque Menino arteiro artista Sai das mãos do letrista Como rabisco de verso Pincel ante a navalha Diverso é a arte de ser Ante as mãos de nascer Pinturas lancinantes Quixote quebrou os moinhos Alucinado que era, Cervantes sabia da lucidez Que para quê nada servia Dalí delirante derreteu relógios A fim de atingir o tempo Que não parou para ele Embora surreal fosse Mas o Poema, este é Salvador, Dalí, daqui, de lá sei onde O Poeta quando escreve Não se esconde Mesmo sabendo do fosso, Da corda no pescoço Se desnuda por inteiro Sendo seu próprio esboço. Jose Regi

Estalo lúcido de uma insanidade

Definitivamente não sou Poeta, Não com esta magnitude que reza o Poema. Pois vivo a abrir gaiolas, A cantar passarinhos, A colher jardins em flor, Em meio às pedras do caminho Que não chegam nem ter musgos Não sou Poeta, Falo da Lua como uma eterna musa, Me pego a noite caçando sua presença, Vigiando seu desfile, Em voos solitários e imaginários, Uma vez que a terra firme Quase sempre me é areia movediça Numa ampulheta a escoar o Tempo Não sou Poeta, Quando meus contrários São avessos a outros olhos, Quando o real dos outros olhares São distorções que a cortina ofusca, Sem que eu perceba as curvas sedutoras, Quase virgem das estradas, Onde transitam minhas mistificações ignoradas Não, não sou Poeta, Sou um Bruxo, Um místico Outra coisa qualquer, Um Louco talvez! Jose Regi

Sobre as flores pintadas no muro

Ontem, disse-me apressado o tempo, De uma vida vazia, efemeridades Caminho   todo percorrido Era vão desencontro, era saudade Morria o sol teu que ardia, Onde era negada a sombra De tuas copas frondosas Eu era deserto na penumbra Na solitária jornada Que se aloja no peito Uma via crucia de dor Amenizada que era No romper da primavera No voo k amikaze  do beija flor. Jose Regi

Vigilia

A boca não fala O que escreve as mãos Os olhos não sabem ler Os sons são difusos E tem cheiro indefinido A tarde banhada de lavanda Arruma-se pra noite Que flagra o sol Nu em pelo em Seu ultimo mergulho Nuvens diáfanas desenham trilhas Na rota dos olhos Partidos de encantamento Debruçado na janela Esperando o desfile dela... Que vem apontando na rua Arrancando assobios dos ébrios Solitários, hirtos com sua passagem. Coração galopa na garganta Há uma secura desértica Sob o céu da boca Ela chega mais perto Desequilibra os sentidos Acelera as batidas E o coração apanha Calado Já se vai noite a dentro No relento das curvas Do seu rebolado Fecho a janela Durmo de olhos abertos Só pra ver se a vejo Nos sonhos que não sonhei. Jose Regi

"Tão Eu e somente Eu"

minha janela de ver o tempo está aberta pra dentro prendendo a cortina no canto da sala há uma fala muda no vaso de flor de plástico que mantêm o viço sem rega uma fotografia amarela no porta retrato ainda mostra o sorriso dos idos de ontem a cadeira ,a mesa e o livro enquanto me livro do asco de mal sonhados sonhos pela janela outro dia,outra chance outra pedra no caminho que vou contornar pra não mudar o cenário meu teatro é meu defeito a vida é só um vento breve um sopro morno onde a alma ferve na verve da felicidade existe horizonte além dos olhos ao alcance das mãos que desejo tocar! JOSE REGI

Então é Natal!

E agora? Como vai ser? Você não tem pinheirinho Com bolas vermelhas Com estrela na ponta Não tem chaminé Nem ceia, nem amigos. Não sabe escrever E agora? A mesa não tem A casa também A rua não é tua Nem o banco da praça Mas você insiste Persiste Conciso afirma Que existe, Embora esta sua verdade Ninguém acredite! E agora? O dia já foi, O sol já brilhou A tarde caiu à noite também Sobrou outra vez Você e esse seu mundo utópico Imaginário e insone Pois que nem sonho tu tens Uma vez que não consegue dormir. Jose Regi

Descarrilando

Em construção Do barro sujo Ao monumento Entra na embarcação. Formigas roem Migalhas caídas sem tempo Dos transeuntes Que sem destino vão. Aos pés da serra apita O trem que parte aos recônditos De uma procura Longe da praça dos olhos. Leva  consigo o choro Que não escapou E o lenço inútil Para limpar os óculos. Artista oleiro Procura as margens da vida A matéria prima Que ainda não moldou Neste desterro insólito Nos desertos afins Constrói castelos de areia Que o vento faz ruir Mas cultiva esperança Guardada de criança Que ha um rio Em algum lugar. JOSE REGI

Sá Maria

Ela sobe a ladeira Tem pressa no tempo escasso, Não pintou o cabelo Nem vestiu seu melhor pano. Segue fatigada no rumo A crença humana de salvação, Seu caminho indica o desejo De subir ao mais alto dos céus. Pois sempre lhe fora dito Que lá está o altíssimo O reino dos justos A paz eterna. Corre depois de engatinhar, De jogar bola nas ruas, De lavar a alma nas águas da chuva, De quem carrega a proteção, nas mãos. Já foi Mariinha, Mariazinha, Já foi Má, namorada, mãe e avó, Na correria... Hoje é só Sá Maria! Tropeçando nos passos Sempre apressado Das ruas de pedra talhada Para não perder a missa. Jose Regi

-Acordo-

Hoje não tem sol, nem letras, nem poesia no varal... Hoje Minha aura fechou com o temporal! Jose Regí