segunda-feira, 28 de junho de 2021

Devaneios


 Devaneios 


Ela veio cheia de cheiros

seios e lascívia

trazia no olhar o desejo

e nos lábios um beijo

salivando outro beijo


exalava cio

que no estío do quarto

era farto afago

em ofegante delírio


era busca e perdição

entre lençóis...

era tentação

além do resistir


era um achar 

e perder

e sem perceber…

Éramos nós!


José Regi




quinta-feira, 3 de junho de 2021

Paredes Brancas

 

 


 

No leito solitário de um quarto

Na copa daquela selva

A vida de novo era um parto

A espera de broto na relva

 

Observava paredes brancas

Tentando em vão, sentidos

Desenhava imaginando

Sonhos nunca amanhecidos

 

Fechei gaiolas com talos de cipó

Para não impelir o desejo de fuga

Engolia a seco os choros e nós

Dos dias escuros de chuva

 

Aprendi a ponderar sobre o tempo

A contar sem pressa as horas

Segredei em mim os lamentos

Para não deixar que fossem embora

 

Dias de luta, tempos frágeis

Debilidades temporais

Vasos de vidros, quebráveis

Vida, folha e vendavais.

 

Esperei como quem espera

Sob a égide da paciência

Sem que esvaísse a quimera

De revelar-me essência.

 

José Regi

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Carpideiras

 


 

Habita onde grita o silêncio,

Ali se ouve todas as canções

De abismada inquietude

Pulsando num ritmo quase sacro

Na pauta das lamentações

 

Há um choro no fim do vale

Um aboio de vaqueiro

Com sarcasmo sem sentido

Um canto repetido

Um pedido de chuva

Para além da curva

 

Um zumbido de abelha

Polinizando a agonia

De flores mortas...

Persiste o choro e o cheiro

Entre os canteiros

De descansar em paz

 

E o que a gente faz

É respirar fundo

Semear entre areias

De uma ampulheta

Para um mundo

Que soluça...

Asfixiado.

 

José Regi

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Escricultor

O poeta  de verões férteis

Observa as mãos semear no outono

Por entre o inverno frio do papel

Esperando poesia para primavera.


José Regi

segunda-feira, 29 de março de 2021

ENSAIO DA MORTE

 





A INSISTÊNCIA CRÔNICA

O PROTAGONISMO ANÔNIMO

O TEATRO ANTAGÔNICO 

NESSE CENÁRIO DE PÂNICO


SEM PROJETOS  OU PROJEÇÕES

SEM PRETENCÕES POR VIR

INDEFINO REAL DE ILUSÕES

NESSA TEIMOSIA  A ILUDIR-ME


LUZ ARTIFICIAL SOBRE A CABEÇA

NÉVOA ARTIFICIAL NO ENTORNO

FAZ QUE EU DESAPAREÇA

COMO UMA FOLHA SECA NO OUTONO


O POMAR ESTÁ EM SILÊNCIO 

 A ALVORADA É UM CLAUSTO

A PLATÉIA SURDA,ALIENADA

NÃO SABE DO APLAUSO


A PEÇA ENSAIDA Á EXAUTÃO

O CHORO REAL DECORADO

ISOLA O CORPO DA ALMA

NESSE TEMPO DE SOLIDÃO


JOSE REGI



  A Fé é uma planta frágil Que se rega com gotículas De esperança. É acreditar no impossível, No imponderável, É andar na contra...