Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2018

Bilhete de Ida

Quando o relógio para, A vida não ousa passos sem tempo. O vento sopra a vela que alumia A escuridão das veredas Adentro o túnel sombrio Ainda sinto o cheiro das manhãs Que não chegarão Aos meus olhos Vestiram-me pra festa Banharam meu corpo Enfeitaram com flores de época E embalaram pra entrega Uma festa triste Olhos orvalhados Ambiente pesado Parece que morreu alguém... Fala-se em silêncio Não tem musica Todos vestem negro E óculos escuros Meu relógio marca exato 03h53min, hora do embarque Entrei sentei e dormi Agora... Não encontro o saída. José Regi

Deliciosamente indecente

Tua boca Tua língua me depura. Em meu corpo Insana desventura Pele nua Ardência Descaminho E cadencia Na indecência da libido Suga Saliva Atrevida Queima Geme De calafrios Treme Encontra o trono Senta suavemente Neste reino Que és dona. José Regi

Sobre os desencontros

Quem dera fosse... Um clarão na noite escura, Para romper as conjecturas inúteis Da imposição inquieta e absurda, Destes opostos a semear lonjuras. Quem dera fosse... Aquele alforje de pedras, o bodoque moleque Para quebrar as vidraças que lhe impede o sol Adentrar a alma farta de sombras, Onde arde a angústia atrás de um leque. Quem dera ser... O verso de luz a abrir-lhe a cortina Invadindo as esquinas sem lua Das suas ruas desertas E encontrar ali aquela menina. Quem dera seria... A carta de alforria nestas vias abastadas de utopia A fantasia de luz que falta as suas calçadas Onde torces o pé tentando caminhar, Sem a luminescência abissal da poesia. Pondero... Ser aquele grito abortado Incauto, calado pelo silêncio da boca, Onde   as mãos desenham saídas Quase sempre perdidas Além da folha de papel pautado, Onde escrevo minhas rotas de fuga. José Regi

Obra inacabada

A pureza da pipa colorida Pela ingenuidade empinada Buscando equilíbrio no vento... A crueldade do anzol que Aprisiona e encarcera, Limitando o nadar do peixe n’água... A inquietude do pássaro Cerceando o direito ao céu Voando baixo no entorno da armadilha... Os bichos assustados Com o barulho sem sol De um amanhecer chuvoso... Nada de novo, de novo, Nesta peça ensaiada Executada como rotineira imperfeição. Esta construção descomunal Em se tornar o colosso exemplar, Referencia de ninguém. Somos uma base sobre a areia... Na beira do mar tomba, arqueia, Desmorona como um castelo de nuvens. Às vezes temos asas Noutras vezes rastejamos. Mas nas vezes que voamos Desejamos o pouso. Onde pisas E deixa rastros Deixa um pouco do seu cheiro. Viajante, passageiro... Sendo flor de outro janeiro Que entrou em fevereiro por teimosia. És um jardim de folhas secas Embrionado renascer, Ainda por vir... E...

O rito do fogo

Vestida de si, de cheiros. Sedas e transparências, Se desnuda em pelo Ao apelo da carne... Sede. Doce cadência Nefasto Beijo Fogo na boca Lascívia, desejo. Volúpia adensa Ardência Encandeia alma Sussurros gemidos. Na pele feromônio Exala entrega Suor, sua senda... Alcova. Tenra maciez ao toque Devorador das mãos, Rende-se anarquia da Contumaz sedução. Onde o verbo e carne Se funde na alquimia do gozo, No orgástico encontro Inconsciente no sonho.