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Viajante

 


Um corpo dança ao som do relógio

Fitando o sol que não tarda a nascer

Presságio de luz no alto do pódio

Gaiolas abertas ao amanhecer

 

Aqui no lado de dentro do silêncio

Paredes brancas maculam-me a paz

Equilibro-me no arame fardado pênsil

No aguardo da brisa breve, mansa e fugaz

 

Um canto lírico ecoa no instante agora

A vida bate asas pela janela dos olhos

Pássaro de migragem se indo embora

Entre flores noturnas de época e afolhos

 

Apenas o canto livre das asas se ouve

No longe quase distante de tudo daqui

Encarcerado atrás dos caixilhos, ouse

Versar sobre avesso da fuga enfim...

 

Voos findos em oníricos oásis

Vida e morte, uma quase miragem

Entre o horizonte e a verticalidade

É o sono eterno ou seguir a viagem.

 

José Regi

 

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Enfim...

      Dedico a vós o meu silêncio A inquietude abismada Dos meus versos Esses voos ora preteridos Deixo assim subentendido Em pousos dantes...Arremetidos.   Vasto é a amplidão Desse universo mudo Eximido de eco Ou retorno Onde o exilio É silente contuso.   Corto os punhos, Dramático, patético Suicídio poético Antes, porém, rascunho A sangue quente A dor corrente Na rubra tarde que cai Aos pés da noite eterna.   Não tenho asas, Nem pernas Nem plumas Ou penas Que sentenciam o fim No crepúsculo.   Há um último impulso Antes da queda Um último plano Ante o medo da escuridão. Respira afoito Um derradeiro pulso...   Não há mais nada Nunca houve,   Nunca esteve. Nunca foi... Não há mais tempo! Poema escrito Sobre areia fina, Só quem lê É o vento.   José Regi    

Menino do olho azul

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