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Mostrando postagens de outubro, 2024

Guardado

      O que me prende não são cercas. Acerca disso, encarcero-me. Grades, gaiolas e asas de cera No interior quase deserto de mim.   Tento a teimosia Da brota, do florescer Para assim ser Pouso de insetos melíferos.   Nos outonos finais Invento quimeras Sobre folhas mortas Soltas ao vento da estação.   No distante, não obstante Uma araucária solitária No estio cumpri (no imperativo) Sua regra sina.   Livre de qualquer amarra Arraigada, Sentenciada Ao lugar da queda.     Eu que posso voar Me prendo qual andrajos velhos No arame farpado No varal do tempo.   Sob calendários, agendas Horários e itinerários Ocultos nas entrelinhas Das minhas utopias.     José Regi

Delírios noturnos

      Nunca provou o sal da barranca, Ainda que em delírio houvesse Mergulhos obscuros Em águas mornas salobras... Nunca lambuzou-me em teu suor.   Ainda que desejo fosse Nunca tramou meu corpo Em tuas teias sedosas, Nunca acordou abruptamente ao meu lado o fegante e molhada.   Sempre manteve o platonismo E o egoísmo só pra si. A volúpia é utopia E a lascívia que imaginava São devaneios de eras... Um relicário profundo Guardado no fundo Do baú de quimeras.   Cartas de amor abortadas, Amor monólogo unilateral Num prólogo egoísta Do seu eu... Um dia que ela inventou E que nunca aconteceu.   José Regi