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Mostrando postagens de 2022

Voyeur

    Decanta de canto de olho, No intento recolhe Encanto aos poucos. Como louco delira No que prefere silêncio Entre gemidos e suspiros O suor tempera E anseia pelo gozo Que o espera.   Por trás da cortina A silhueta perfeita Seduz e deleita Entre lenções macios. O desafio é resistir A lascívia profana Entregue na cama Enquanto expele lava Vulcão desperto   No ponto certo Toques de dedos Aguçam os sentidos Já sem sentido Se rende Se desarma Se desprende Vencido pela volúpia   Ofegante Se ajeita Passa o lenço no rosto, Ainda meio roto Arruma o nó da gravata Paga o dizimo Recolhe seu egoísmo Fecha a cortina Sai sem alarde E some Além da esquina.   José Regi  

Choque de realidade

      É da natureza do homem, O delírio O superlativo O exagero É isso que nos consome O tempo e a vida   Essa nossa teimosia Em complicar E inventar dificuldades Nos cega, Nos impele o voo Nos encurta o caminho   Quando se percebe Que o simples é o melhor Dos acessos... Já nos perdemos na rota Sem possibilidade de retorno´   É da natureza Simplificar O não inventar O não dificultar É da natureza cumprir O combinado   E nos jardins dos dias Nascer apenas O que for semeado A natureza é simples... O homem É que é complicado.   José Regi

Incursões

        Perambulei p or vias escuras, A procura De um tal amor eterno. Fui do paraíso ao inferno E retornei ainda mais Distante dele   Pouco a pouco Essa obsessão R evirou a vida Mudou o pensar O s sonhos E se fez verso   Fui ao passado A inda morno, Revi r ei o entorno E ele não estava lá. D o penhasco O nde o mirante Convidava ao voo cego O escuro do vale Não o escondia. ..   E stava em outra cerca nia, Não havia o encontro perene E o sossego . Perdido andava em circulos Sem perceber...   Mergulhei muitas vezes No obscuro prazer, No proibido, Não convencional... Mas ele não estava lá .   Retornei ao limbo da existência, Da solidão, Pena perpétua, A condenação Minha procura não finda   Inda que goze Efêmeros instantes. Sigo a sina, Volto a cena, E o cenário não muda... Ele também não está aqui.   José Regi

Inquietudes temporais

      Percebe-se no anteparo do olhar Um resquício de angústia Na soleira de entrada. No tapete uma mensagem de boas vindas   A casa aparentemente arrumada Dá uma ideia de organização Emocional equilibrada Qual nada! Ele é humano!   Dessa forma O sorriso externo Quase Monalisa, disfarça. Mistérios de uma alma incompleta.   A conjuração decepcionante de fatos Situações contrárias ao bem estar Roubam a paz dos desertos E o tempo do poeta.   José Regi      

Erupção

    Teus olhos azuis ensolarados Acendem o luzeiro, Exala calor teus desejos vindouros Para o espelho que lhe nega um sorriso   Assina no vidro embaçado do box Um verso explicito de escárnio, Água fria do banho não abranda O incêndio interior que ferve   Volúpia em carne viva Dedos ávidos aventureiros Gemidos suprimidos Num gozo quase silêncio   Tua solidão suscita fuga Teu desejo rompe gaiolas Efêmeros oásis Possibilitam o voo solo   Onde desagua por inteiro Teus rios de lava Onde lavas a alma E volta a sonhar.   José Regi    

ESPERANÇAR

  Tempo vil,de amor subjulgado,pobre   Exalta o ódio semeado a esmo e solto    Corações de pedra, quase nunca nobre    Sarcástico,egoísta,desumano e louco     Ele sempre esperançou nova estação   Em silêncio casto,na flora da calçada   Escolheu no rimário sacro da emoção   O limear tempo gentil doutra florada     O verbo conjugado no silêncio opaco   Reverbera em um desejo celere novo   Onde o amor em plenitude aconteça.     Segue o poeta a estação das calçadas   Na insistente primavera sem tempo   Onde o ódio morra e o amor prevaleça.     José Regi  

Sorriso em branco e preto

  Uma foto guardada daquele dia feliz Entre abraços e afagos o tempo sorria E o amor enfim via a luz romper a raiz Para dar sentido real e nquanto partia   Queria um verso intenso que falasse de amor Uma poesia, uma trova ou qu içá um soneto Algo que destilasse, decantasse e aliviasse a dor E espalhar cor neste sorriso em branco e preto   Hoje lembro olhando aquele retrato, Do sentimento que nos abarcava Um tanto real e um muito abstrato   Naquele dia a o findar da tarde o adeus Você se pôs qual sol , antes que a noite Escurecesse de vez nos olhos meus.   [José Regi]

No trem da vida

    Aprender lições com tempo Com o vento do outono. O que não se pode levar Deixar a margem das vias     Pois todo excesso é sobra E peso extra impele o voo, Tapa a visão para o limite Do além horizonte   Viver é verbo em tempo E conjugação A vida é substantivo desse Presente   Ao criarmos calendários Invertemos a lógica, Subvertemos a razão E nos fragmentamos   Nesta feita, impusemo-nos A pressa desnecessária Para o gozo dessa viagem Só de ida.     José Regi